domingo, 17 de junho de 2012

A MULHER, SEU LIVRO E POESIAS


A avó do punk estava calada musicalmente, mas mesmo no seu silêncio ela nos inspirava, afinal, Patti Smith é uma das poucas pessoas que decidem encarar grandes tormentas para seguir um sonho. Atravessando toda a contracultura de Nova York nos anos 60/70, cultivou a rebeldia em tempos incertos. Acabou se tornando inspiração pra muita gente.
O tempo passou, o movimento punk perdeu um pouco da energia inicial e muitos astros daquele período se tornaram obsoletos – mas Patti  provou sempre ter algo a dizer e algum modo de superar a si mesma. Exemplos? O livro Só Garotos.

‘‘Estou no modo Mike Hammer, fumando Kools e lendo romances policiais baratos no saguão, enquanto espero William Burroughs.’’

Só Garotos é um retrato sentimental da vida da cantora com o artista plástico Robert Mapplethorpe e um verdadeiro conto de fadas moderno. Vale apena ler pela incrível amizade entre Patti e Robert, pelos personagens secundários repletos de carisma (de uma fotógrafa reclusa em seu quarto totalmente branco às travestis habitantes da Factory de Andy Warhol) e pelas grandes mentes esbarradas pelo casal, como Salvador Dalí e Janis Joplin. Também é impactante as discrições intimistas das viagens da cantora por Paris e as noites passadas pelo casal em bares que foram verdadeiras incubadoras de uma nova geração.
   Basicamente é um livro confortante para uma época de tantos bytes, pixels e frieza tecnológica.


P.S. Peço desculpas aos gênios da literatura por esse ser meu livro predileto. Talvez seja pelo sentimento de identificação sentido em todo o livro, seja com a preferência de Patti pelo cinema francês ou a ideia de moda como arte em movimento sugerida por Mapplethorpe. Também pode ser pelo momento em que Patti canta Édith Piaf para Robert dormir ou quando é flertada por Allen Ginsberg devido ao seu visual andrógeno.
     
    



sábado, 11 de junho de 2011

Realidade


   Sua casa era sempre assediada por ventanias que faziam o móbile da sacada balançar e tocar sua música angelical, sua sala estava sempre arrumada e as cortinas bem lavadas. Seu jardim sempre tinha vida e o céu tinha cores. Seus amigos? Presentes. Sua família? Viva. Seu dia a dia era completo de atividades que lhe provocavam sorrisos e geravam sonhos nas suas noites. Era uma vida incrível que talvez fosse eterna a qual ele agradeceria a alguém que nunca viu.
   Mas nunca chegou a agradecer. Não havia vento e o móbile viveu e sempre viverá em silêncio. A sala era lotada por bugigangas, livros, canecas de chá e preenchida pelas cortinas que fediam a pó. O jardim tardava a crescer e quando crescia murchava sob o céu cinza. Seus amigos? Ausentes. Sua família? Morta. Completava seu dia com atividades secas e difíceis de digerir e as lágrimas constantemente brotavam de sua face. Vida miserável. Ele pedia a alguém desconhecido que acabasse.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Prisão sob o gelo


Longe de todos seus estereótipos ele escondia alguém que apenas ele conhecia, nascido no limbo da sua alma. Um alguém que se abrigava longe de seus gostos e desgostos, crenças e descrenças, atitudes e medos.  Ele nasceu dos seus sonhos mais abstratos e logo foi aprisionado. Todos já guardaram ou ainda irão guardar um eu que não ousariam ser. Mas ninguém se aventurou em trancar um ‘‘eu’’ que se alimenta de liberdades e possibilidades como o dele.
Mas ele também é aprisionado. Ao invés de grades sua vida é cercada por uma cordilheira congelada pelo tempo. Ele precisa quebrá-la com as próprias mãos, sem empunhar nenhuma ferramenta. Derreter o gelo e derrubar montanhas é um trabalho árduo, mas ele nunca foi de desistir. Mesmo agora se podem ouvir os seus gemidos vindos da dor vinda das mãos sangradas e os urros do seu eu aprisionado. A liberdade tem lá os seus custos.

domingo, 12 de dezembro de 2010

God Save McQueen!

  Surreal, irreverente e intenso. Talvez foram essas três palavras que cercaram toda a trajetória de Alexander McQueen, estilista britânico que se tornou um ícone pelas suas roupas no mínimo estranhas que se tornavam arte.Ele transformava, com suas roupas, mulheres em bruxas, monstros e pássaros.Ele ainda foi diretor, fotografo e artista com maestria.Considerado a ovelha negra pela família e o gênio do momento pelo mundo, Alexander McQueen acabou tirando a própria vida em fevereiro desse ano.Então nada mais foi como era antes.


  E em homenagem ao mesmo, o fotografo Nick Knight e a cantora Björk, ambos também irreverentes, também surreais, fizeram um curta-metragem para Alexander. Todo o vídeo é feito como se fosse um caleidoscópio mostrando as obras mais importantes de McQueen. Vale muito a pena dar uma olhada.